Eu estava
esperando-a no lugar combinado. Era bem romântico: um parque ecológico, tinha
algumas pessoas, mas estava vazio, época de primavera, então estava bem florido
e o clima favorável. Eu aguardando ansiosamente no mirante que tinha no parque,
dava a vista para uma lagoa um pouco mais embaixo. Enquanto eu observava uns
pássaros pescando, não percebi ela se aproximar.
Geralmente,
quando nos encontramos, ela está sempre sorridente e radiante, mas dessa vez
algo mudou, carregava no olhar uma preocupação e estava com a voz trêmula:
-Oi! - disse
sem me abraçar
Eu que não
quis deixar transparecer que estava achando anormal, tomei a iniciativa e
abracei acariciando suas costas:
-Oiii! A
ansiedade estava tomando conta de mim - eu disse - quero saber logo a surpresa!
-Talvez seja
melhor andarmos pelo local, eu achei bem bonito!
-Sabia que ia
gostar, por isso que escolhi, vou gostar da surpresa também?
Eu não tive
resposta e comecei a me afligir, mas mantive a postura e fingi que estava tudo
bem. Então começamos a andar lado a lado no parque, ela evitando meu olhar a
todo custo, observando a grama, ora as árvores ou qualquer outra coisa. E eu a
observava mais. Sempre esteve estilo kawaii
E hoje não estava diferente: uma saia curta rodada rosa, uma camiseta leve
branca com um gatinho mal humorado estampado, usava uma meia fina branca, e um
tênis todo branco. Nos cabelos estava com um laço rosa.
Andamos até
encontrarmos um banco de madeira, e fomos nos sentar, eu coloquei minha mão
sobre a coxa dela e ela apenas olhou, em outra ocasião ela teria colocado a mão
sobre a minha. Então sem conseguir mais fingir, retirei minha mão e perguntei:
-Estou te
incomodando?
Ela apenas
balançou a cabeça negativamente
- O que você
tem? Parece aflita...
Ela olhava
fixamente para seus pés e permaneceu calada.
-Acho que a
surpresa que vou receber é negativa, não é?
Ela balançou a
cabeça afirmando. Então eu não disse mais nada, deixei que ela tomasse a
decisão na hora que estivesse pronta. E ficamos por longos minutos apenas
sentindo a brisa e ouvindo a nossa respiração. Até que ela me olhou com os
olhos cheios de lágrimas e por empatia eu a abracei, ela não retribuiu e disse:
-Por favor,
não torne mais difícil do que já é.
-O que é
difícil? - eu já sabia, mas precisava ouvir
- Não podemos
mais ficar juntas!
- Sua família?
- Sim, ela não
aprova e então não podemos prolongar
- Você prefere
fazer o que sua família quer em vez de escolher o que te faz feliz?
- Não ter a
aprovação dela, não me deixará feliz!
- Eu não faço
você feliz? Não sou suficiente?
- Não é
isso...
- Tudo bem,
não vou tornar mais difícil do que já é como disse, eu já entendi!
-Por favor....
-Vai embora! –
eu disse com tom forte e triste, me segurando para não ficar no mesmo estado
que ela
- Um dia eu
vou ir contra todo preconceito e...
-Por favor,
apenas vai embora! Enquanto esse seu dia de coragem de se assumir e ir contra
todo o preconceito não chega, eu não vou ficar me machucando, então apenas vá!
Você disse para eu não tornar difícil, mas você que está fazendo isso, tentado
explicar a situação que na verdade não há explicação!
E nesse
momento, aquelas lágrimas que estavam paradas em seu olhos que ela lutou tanto
para segurar, saíram com toda força. Ela apenas levantou e saiu andando tão
depressa que quase corria. E eu fiquei lá, mais uma vez abandonada pela força
do preconceito, apreciando a vista e a solidão.
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