Conto: A CHUVA, A CASA E O TABULEIRO

Aquele dia chuvoso e frio, dava o clima perfeito para a ocasião. Se eu estivesse com eles naquele dia, com certeza teria ido também, mas aí, quem contaria essa história a vocês?
Todos imprudentes e rebeldes. Queriam provar para o mundo ou para era mesmo que eram corajosos, Thaís era a única que estava indo mais na obrigação de proteger seus amigos, do que para se aventurar, na verdade ela está com muito medo, e com razão.
Mas voltando ao causo. A chuva e o frio deixava o cenário bem assustador, típico de filme de terror, Susana encontrou na casa nova que era de sua avó, um tabuleiro Ouija, e claro que eles queriam jogar, mais pela adrenalina do que para saber se realmente algum espírito responderia.
Ali perto do campus, tinha uma casa abandonada que já estava quase em ruínas, janelas quebradas, portas já sem a maçaneta, paredes pichadas e muita teia de aranha. Susana, Breno, Rian, Thaís e Aline saíram da faculdade como na ponta dos pés, não que fosse proibido, mas estavam indo para um local privado. Eles nem se preocuparam em usar guarda chuvas ou capa, estava tão forte a chuva que iriam se molhar de qualquer jeito.
- De quem foi a ideia de sair nessa chuva?
- A ideia não era sair na chuva, a ideia era sair hoje, porque hoje todo mundo estaria livre!
Por causa dos trovões e da chuva forte, era difícil escutar um ao outro, eles teriam que ficar gritando, então seguiram o caminho em silêncio. 
Ao lado do alojamento, tinha um bosque, e atrás desse bosque tinha uma casa abandonada, que eram o destino dos jovens.
Ainda não sei porquê a prefeitura não já demoliu aquela ruína, mas continuamos o causo.
Passando pelo bosque já estava assustador, porque estava no final de outono, e a maioria das árvores já tinha perdido suas folhas, com a escuridão da noite, quando caia um raio, destacava os galhos que mais pareciam garras. Aline já estava com medo, mas era tarde demais para voltar para o alojamento, estavam na metade do bosque, e voltar significava voltar sozinha.
Quando chegaram, pararam em frente à varanda, os cinco estavam encharcados, mas hesitavam em entrar. Até eu hesitaria, estava escuro e imaginar é bem mais tranquilo do que já estar frente a frente com aquela casa.
-Bem galera, já estamos aqui, só entrar - disse Rian
- Então entre primeiro - Aline se adiantou
Ele deu de ombros e abriu a porta que já estava aos pedaços e rangeu por causa do ferrugem.
O lugar estava estranhamente arrumado, não era bem como imaginávamos. Tinha teia de aranha sim, mas ainda estava de pé, com alguns bolores, mas o papel de parede ainda se mantinha ali, e não havia escombros no chão. Eles ficaram surpresos, olhando de fora, parecia que nem telhado existia mais, porém quando entraram, só parecia que estava há semanas sem visitas.
Foram até a sala de jantar, colocaram o tabuleiro sobre a mesa e se acomodaram nas cadeiras que rangeram, mas se mantiveram firmes aguentando cada um. Colocaram o tabuleiro sobre a mesa e cada um colocou o dedo sobre o cursor.
-Tem alguém aí? - Breno perguntou.
O tabuleiro nem se mexeu
-Se tem alguém aí, se manifeste!
Susana riu e disse:
-Piada, esse tabuleiro não vai se mexer!
- Você que nos convenceu sobre esse tabuleiro e agora acha que não vai acontecer nada? - Aline disse irritada
Susana disse aquilo, mas no fundo ela estava com medo, ela acredita no tabuleiro, ele era de sua avó, e já tinha ouvido pelo seus pais, que sua avó falava sozinha. Ou seja, ela falava com os espíritos. Eu já teria saído daquela casa desde momento que vi que por dentro a casa se apresentava diferente do lado de fora, porque com certeza eles estavam em outra dimensão.
-Vamos tentar de novo - disse Thaís - não viemos aqui a toa. Tem alguém aí?
Nessa hora o cursor se moveu para o sim . Todos arregalaram os olhos, e um frio percorreu a espinha, alguns segundos depois, Rian começou a rir. Claro que a entidade não ia se manifestar da forma como queriam.
-Palhaço! - Susana deu um tapa na cabeça dele - Você me assustou! - Ele continuou a rir
-Muito engraçado Rian - Breno diz sério - A gente quer se comunicar com os fantasmas e você zoando.
-Fantasmas são lembranças que nos fazem mal, estamos tentando nos comunicar com os espíritos - Susana explica
- Sabemos nerd, só é um modo de falar - Susana sempre teve esse jeito de explicar tudo, ela era inteligente, mas isso me irritava, dava a impressão que éramos mais estúpidos do que ela.
-Gente! - Aline chamou a atenção preocupada - olha como a Thaís está!
Todos pararam de falar e olharam, ela estava com as mãos sobre as pernas, boca semiaberta e os olhos vidrados olhando para frente, não piscava.
- Hey! - Breno acenou na frente dos olhos dela - Está aí? - mas seus olhos não acompanharam os movimentos
- Pare com isso Thaís, não é o momento para zoeira, já basta o Rian.
Ela continuava parada, não parecia uma brincadeira, ninguém conseguiria ficar tanto tempo sem piscar, e vendo todos os olhos a olharem com preocupação, com certeza já teria rido. Mas ela continuava imóvel, nem se quer o levantar do diafragma se via, parecia que não estava respirando. Susana que estava mais próxima, tocou em seu braço tentando chamar a atenção. Mas ela continuava parada. Os jovens começaram a se olharem com preocupação, tinham percebido que não se tratava de brincadeira.
-Vamos ir embora daqui! - Aline disse com a voz tremida, ela estava com medo, até eu sentiria medo também.
- Não! - Rian disse decidido - Ela provavelmente está possuída, é a nossa chance, vamos usar o tabuleiro.
Todos colocaram novamente o dedo sobre o cursor e fizeram a pergunta:
- Tem alguém aqui? 
Mas nada aconteceu.
- Alguém está usando a Thaís para se comunicar com a gente?
Tudo continuava quieto, nem o barulho da chuva se ouvia mais. Thaís ainda não tinha se mexido.
- Tem alguém aí? - Aline gritou quase chorando - se manifeste logo!
Nesse momento Thaís arrastou a cadeira para trás, todos a olharam, ela levantou-se ainda com o olhar vidrado, mas dessa vez a boca fechou, ela virou-se roboticamente, e foi em direção ao corredor, todos levantaram ao mesmo tempo ansiosos e foram atrás dela com curiosidade, ela passou pelo corredor e foi até a porta principal, parou alguns segundos, os outros quatros estavam logo atrás na expectativa do que ia acontecer. Ela abriu a porta e saiu. Eles saíram logo atrás e viram que ainda estava chovendo muito forte.
Thaís olhos para eles, agora agora piscava e se movimentava normalmente.

- É melhor a gente não entrar não, estou com um mau pressentimento - E saiu em direção às floresta.

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