Em um jardim nos fundos de uma grande residência,
havia um quiosque com um balanço de dois lugares. Em volta do quiosque, era
todo preenchido por tulipas lilases. Sobre o muro que o cercava, mas flores,
rosas brancas. O jardim era bem extenso, com gramado bem verde e alguns
arbustos que cercava o caminho de cascalho que ia da porta dos fundos da casa
até o pequeno quiosque. Algumas árvores frutíferas espalhadas pelo jardim e no
final dele, era a entrada de uma extensa floresta.
A tarde estava fresca, o céu azul com poucas
nuvens brancas, e um silêncio que só podia ouvir o balançar das folhas das
árvores e o balanço do quiosque.
Um jovem encantador e uma garota jeitosa e tímida
saíram pela porta dos fundos em silêncio e de mãos dadas, se olhavam
apaixonados enquanto passavam pelo caminho de cascalho até chegar no quiosque.
Ambos sentaram no balanço e lado a lado e ficaram se olhando carinhosamente por
uns longos minutos de mãos dadas e a outra segurando a corrente do balanço, até
a garota que tinha as bochechas rosadas quebrou o silêncio:
-Eu te amo um montão!
-E eu te amarei até mil anos!
-Eu te amarei de janeiro a janeiro até o mundo
acabar!
-Eu te amarei até depois que o mundo acabar!
-Mas eu te amo mais! – ela sorriu
-Eu te amo mais e posso provar – ele a desafiou
com o olhar enquanto sorria – Me pede qualquer coisa.
-Quero a lua!
-Quando anoitecer eu vou busca-la.
-Mas eu quero agora!
-Agora ela não está no céu.
-A lua sempre está no céu – ela soltou a mão dele
irritada
-Você está vendo-a agora? – ele mudou o tom
irritado
-Você fugiu da escola? – ela cruzou os braços –
Não podemos ver porque a luz do sol não deixa!
-E como você quer que eu pego algo que não vejo?
-Se um dia você ficar cego, vai deixar de me tocar
e me amar porque não me vê?
-Claro que não! – ele se contrariou
-Você disse que faria qualquer coisa por mim! –
ela fez bico chorosa
Os dois ficaram em silêncio, olhando para frente sem
se tocar. O vendo balançou as árvores e caiu flores rosas sobre eles, a garota
ignorou e o jovem rapaz olhos as flores caírem e concluiu:
-Você me pediu uma coisa impossível... mesmo
quando anoitecer, ainda não poderei trazê-la para você...
-Se não pode cumprir algo, não prometa!
-Vai deixar de me amar por isso?
-Como posso confiar em ti?
Ele suspirou e levantou-se do balanço
-Se nem a árvore pode confiar nas flores, porque
elas a deixam, não precisa de provas para confiar em mim... mas se mesmo assim
não quiser arriscar, na próxima primavera chegará novas flores à árvore,
chegará novas flores para mim também.
Ele se virou para partir e ela segurou o braço ao
mesmo em que dizia para esperar.
-Desculpa, eu fiz isso porque queria ver você
fazendo de tudo para me agradar, mas acho que exagerei um pouco – ela sorriu e
ele se virou completamente para ela esperando continuar – Prometemos amar um ao
outro, mas talvez um dia, um de nós precisarmos partir, e o outro ficar sempre
sozinho...
-Acho que devemos considerar o nosso “para sempre”
agora.
-Sim, nosso mil anos é agora! – ela sorriu e ele a
abraçou
-Se um dia duvidarmos um do outro novamente,
lembre-se que o importante é “o agora”, enquanto estivermos um ao lado do
outro, é o “para sempre”.
Ao longe, em algum quarto da casa, tocava um som
baixinho, era Black Beauty. Os dois
ainda abraçados, começaram a balançar o corpo de um lado para o outro no mesmo
ritmo, olhos fechados, sorriso meia lua. E no céu que começava a mudar de azul
turquesa para anil, a lua lá estava também a sorrir.
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