LENDA URBANA - TRÊS [PARTE 2]

...Continuação

Acordo e já me preparo para mais um dia entediante na escola. Lembro-me do que aconteceu ontem, quando as pessoas começaram a falar comigo como se fossem íntimas, inclusive o clubinho das famosinhas. Tomo meu café e saio para escola. O colégio é perto, então vou a pé. Quando já estou perto as eles vem em minha direção sorrindo, as duas garotas e o garoto.
-Oi miga! Você arrasou no look – disse o garoto passou o braço no meu e do outro lado a outra garota
-Comecei a ler aquele livro que me indicou, é top! – disse a outra menina que ficou de fora dos meus braços
Fomos para sala, e eu sem entender nada. Por que de repente essas pessoas começaram a falar comigo, sendo que eu era a excluída nerd da turma? Na sala de aula, percebi que Karoline, a garota que era a abelha rainha desse grupo popular não está presente. Talvez ela tenha mudado de colégio, e por isso eles resolveram andar comigo. Mas por que comigo?
O professor começou a fazer chamada.
-Karoline!
-Acho que ela não vai vir tão cedo – disse o garoto que estava do meu lado com sorriso malicioso e as duas garotas riram olhando para mim.
-Por quê? O que aconteceu com Karoline – pergunta o professor preocupado
-Porque ela está careca! – diz a menina e todo mundo caem na risada
-Até o cabelo dela crescer, ou talvez a dignidade dela voltar! – voltaram a rir
Como assim? Careca? E os amigos dela estão aqui comigo, rindo dessa situação? Não estou achando isso nada agradável, está muito estranho.
Mas tudo está ocorrendo normal, fora essas situações estranhas, me belisquei para ver se estava sonhando, mas estava acordada. Estamos sentados na mesa dos mais populares da escola, eu estou sentada nessa mesa e a Karoline não. É hilário, estou sorrindo feito boba.
-Oi meninas e Kaio – vi que os três sorriram e os olhos brilharam, a pessoa que disse está atrás de mim, estou até com medo de olhar quem é – Posso falar contigo Aline?
Oh My God! Quando olhei por cima do ombro vi o garoto mais lindo e cobiçado do colégio, Willian.
-Claro! – eu ia sair da mesa, mas os três saíram antes. Eu era mesmo a nova abelha rainha daquele grupo? Willian sentou do meu lado, muito perto.
-Já faz um tempo que ando te observando, e – ele pareceu tímido – Você gostaria de tomar um café comigo depois das aulas?
-Acho que a Karoline não vai gostar.
-Eu terminei com ela, a gente não tinha nada a ver...
Nessa hora, parece que o mundo parou. Primeiro me torno uma garota legal que todo mundo conhece. Depois Karoline fica careca e não pode humilhar mais ninguém da escola e agora Willian veio falar comigo e tinha terminado comigo? Minha cabeça começou a rodar. Lembrei-me da máquina de escrever da noite anterior, em que tudo que escrevi estava acontecendo.
-Oh não! – exclamei
-O que foi? Disse alguma coisa errada?
Falei para ele que não, e que tinha que resolver uma coisa. Saio correndo do refeitório, todos me olhando, mas isso não importa, se eu não for rápida, todos vão para os ares, só faltava mais uma coisa para se cumprir. Corri o mais rápido que pude até o corredor e parei em frente a porta. Tentei desesperadamente abrir, mas estava trancada. Oh não! E agora? Fiquei olhando para todos os lados tentando encontrar o inspetor, precisava explicar a situação, mas não o encontrei por ali. A porta tinha uma janela de vidro, apoiei o rosto para olhar dentro da sala, e lá estava a máquina, coma folha. Percebi que tudo a cima já tinha se apagado e só tinha uma frase, a última que faltava ser cumprida. Não sei quanto tempo tenho, mas preciso ser muito rápida.
Comecei a correr novamente pelos corredores tentando encontrar algum adulto que pudesse me ouvir e abrir aquela porta. Quando achei, era um professor, comecei a tentar a explicar, mas eu estava muito nervosa e saí atropelando as frases ele me disse que não estava entendendo e que eu estava tento um ataque de pânico, ele pegou meu braço e começou a me levar em direção ao lado externo da escola. Ele não entende? Vai todo mundo morrer. Eu comecei a gritar mais alto e ele me segurou mais forte e me levou para fora.
-Você não entende? Preciso abrir uma sala ou todo mundo vai morrer! – eu estou desesperada e tento voltar para dentro da escola, mas ele me segura.
-Se acalme, deve estar delirando!
Nesse momento um barulho enorme, uma claridade que cegava e depois muitas chamas. Era tarde demais. Eu e o professor ficamos olhando o colégio em chamas. Tudo já tinha acabado, por que eu e ele nos salvamos? Não tinha escrito que eu me salvava. Olhei para ele e vi seus olhos brilhando e um sorriso sádico.

Texto: Lucy Batista

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