...Continuação
Acordo
e já me preparo para mais um dia entediante na escola. Lembro-me do que
aconteceu ontem, quando as pessoas começaram a falar comigo como se fossem
íntimas, inclusive o clubinho das famosinhas. Tomo meu café e saio para escola.
O colégio é perto, então vou a pé. Quando já estou perto as eles vem em minha
direção sorrindo, as duas garotas e o garoto.
-Oi
miga! Você arrasou no look – disse o
garoto passou o braço no meu e do outro lado a outra garota
-Comecei
a ler aquele livro que me indicou, é top! – disse a outra menina que ficou de
fora dos meus braços
Fomos
para sala, e eu sem entender nada. Por que de repente essas pessoas começaram a
falar comigo, sendo que eu era a excluída nerd
da turma? Na sala de aula, percebi que Karoline, a garota que era a abelha
rainha desse grupo popular não está presente. Talvez ela tenha mudado de
colégio, e por isso eles resolveram andar comigo. Mas por que comigo?
O
professor começou a fazer chamada.
-Karoline!
-Acho
que ela não vai vir tão cedo – disse o garoto que estava do meu lado com
sorriso malicioso e as duas garotas riram olhando para mim.
-Por
quê? O que aconteceu com Karoline – pergunta o professor preocupado
-Porque
ela está careca! – diz a menina e todo mundo caem na risada
-Até o
cabelo dela crescer, ou talvez a dignidade dela voltar! – voltaram a rir
Como
assim? Careca? E os amigos dela estão aqui comigo, rindo dessa situação? Não
estou achando isso nada agradável, está muito estranho.
Mas
tudo está ocorrendo normal, fora essas situações estranhas, me belisquei para
ver se estava sonhando, mas estava acordada. Estamos sentados na mesa dos mais
populares da escola, eu estou sentada nessa mesa e a Karoline não. É hilário,
estou sorrindo feito boba.
-Oi
meninas e Kaio – vi que os três sorriram e os olhos brilharam, a pessoa que
disse está atrás de mim, estou até com medo de olhar quem é – Posso falar
contigo Aline?
Oh My God! Quando
olhei por cima do ombro vi o garoto mais lindo e cobiçado do colégio, Willian.
-Claro!
– eu ia sair da mesa, mas os três saíram antes. Eu era mesmo a nova abelha
rainha daquele grupo? Willian sentou do meu lado, muito perto.
-Já
faz um tempo que ando te observando, e – ele pareceu tímido – Você gostaria de
tomar um café comigo depois das aulas?
-Acho que
a Karoline não vai gostar.
-Eu
terminei com ela, a gente não tinha nada a ver...
Nessa
hora, parece que o mundo parou. Primeiro me torno uma garota legal que todo
mundo conhece. Depois Karoline fica careca e não pode humilhar mais ninguém da
escola e agora Willian veio falar comigo e tinha terminado comigo? Minha cabeça
começou a rodar. Lembrei-me da máquina de escrever da noite anterior, em que
tudo que escrevi estava acontecendo.
-Oh
não! – exclamei
-O que
foi? Disse alguma coisa errada?
Falei
para ele que não, e que tinha que resolver uma coisa. Saio correndo do
refeitório, todos me olhando, mas isso não importa, se eu não for rápida, todos
vão para os ares, só faltava mais uma coisa para se cumprir. Corri o mais
rápido que pude até o corredor e parei em frente a porta. Tentei
desesperadamente abrir, mas estava trancada. Oh não! E agora? Fiquei olhando
para todos os lados tentando encontrar o inspetor, precisava explicar a
situação, mas não o encontrei por ali. A porta tinha uma janela de vidro,
apoiei o rosto para olhar dentro da sala, e lá estava a máquina, coma folha.
Percebi que tudo a cima já tinha se apagado e só tinha uma frase, a última que
faltava ser cumprida. Não sei quanto tempo tenho, mas preciso ser muito rápida.
Comecei
a correr novamente pelos corredores tentando encontrar algum adulto que pudesse
me ouvir e abrir aquela porta. Quando achei, era um professor, comecei a tentar
a explicar, mas eu estava muito nervosa e saí atropelando as frases ele me
disse que não estava entendendo e que eu estava tento um ataque de pânico, ele
pegou meu braço e começou a me levar em direção ao lado externo da escola. Ele
não entende? Vai todo mundo morrer. Eu comecei a gritar mais alto e ele me
segurou mais forte e me levou para fora.
-Você
não entende? Preciso abrir uma sala ou todo mundo vai morrer! – eu estou
desesperada e tento voltar para dentro da escola, mas ele me segura.
-Se
acalme, deve estar delirando!
Nesse momento um barulho
enorme, uma claridade que cegava e depois muitas chamas. Era tarde demais. Eu e
o professor ficamos olhando o colégio em chamas. Tudo já tinha acabado, por que
eu e ele nos salvamos? Não tinha escrito que eu me salvava. Olhei para ele e vi
seus olhos brilhando e um sorriso sádico.Texto: Lucy Batista
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