LENDA URBANA - UM


Em uma cidade de São Paulo, havia dois amigos que adoravam farrear nos finais de semana, sexta-feira em um lugar, sábado em outro e domingo em outro. Eles já tinham conhecido quase todas a boates, barzinhos e baladas da cidade, até que passando por uma rua onde nunca passada antes, eles encontraram uma nova. O lugar parecia meio caído, decadente, mas eles tinham o objetivo de conhecerem e avaliarem as baladas da cidade.
Eles entraram, eram umas 10 horas da noite, o estava tocando uma música anos 90 e o lugar ainda estava vazio, poucas pessoas dançavam e eles sentaram no balcão e pediram whisky.
-Está meio caído aqui.
-Ainda são 10hs, vamos esperar até meia noite, aí as pessoas começam a chegar.
Enquanto as horas passavam, eles bebiam. As músicas começaram a melhor, tocava Hot. De repente eles perceberam o lugar bem cheio e quase todos dançando.
-Falei que ia melhorar? Olha quantas gatas frequentam esse lugar! – e ele saiu em direção a pista de dança
O outro ainda sentado, ficou observando, até que avistou uma garota loira de cabelos volumosos, olhos azuis e com a boca bem vermelha. Ela usava um vestido branco sem solto e com seus movimentos ele subia deixando as pernas a mostra. Ele ficou bem hesitado e foi até a garota. Tocava a música If you , ele parou em frente a ela e começou a dançar, ela sorriu para ele e retribuiu. Os dois ficaram dançando durante a noite toda.
-Quer beber algo?
-Não bebo. Ela sorriu
Quando olhou no relógio já eram 4 da manhã, grande parte do bar já tinha esvaziado.
-Já está amanhecendo, logo o lugar vai fechar.
-Você vem sempre aqui?
-Sim...
-Qual é seu nome?
-Elizabeth e o seu?
-Edgar.
Ela passou a mão nos braços em cruz.
-Está com frio?
-Um pouco.
-Quer que eu te leve para casa?
-Não precisa, vou pegar um Uber.
-Quer minha jaqueta emprestada?
Ela afirmou com a cabeça, ele colou a jaqueta sobre os ombros dela e levou até o carro Uber, antes dela entrar ela pegou um papel e escreveu algo e entregou para ele.
-Meu endereço, para buscar sua jaqueta.
Eles sorriram, ela entrou no carro e partiu. Logo seu amigo chegou ao seu lado.
-Sumiu a noite toda...
-Estava com uma gata.
-E aí?
-Não aconteceu nada, mas emprestei minha jaqueta e hoje mais tarde vou buscar na casa dela, quem sabe rola alguma coisa.
-Garanhão. Ele bate no ombro dele e os dois riem.
Vão cada um para sua casa. No mesmo dia, por volta das 5 da tarde, o rapaz tomou banho, passou perfume, fez a barba e pegou endereço dado pela garota, subiu na moto e partiu. O lugar era bem distante, quando chegou na rua desacelerou a moto e começou a procurar pelo número, 301. Parou em frente à um cemitério. Que estranho. O lugar era bem deserto, só havia uma pequena barraca com uma senhora vendendo flores.
-Boa tarde, poderia me informar se o número 301 é apenas do cemitério ou há uma residência com esse número?
A voz dela quase não saiu, mas ele entendeu:
-Não senhor, apenas do cemitério mesmo.
Ele pensou consigo, a garota deve ter feito alguma pegadinha com ele, estava quase indo embora quando olhou para dentro e viu a silhueta da garota sentada em um dos túmulos.
-Ela está ali, porque quis me encontrar em um cemitério?
Desceu da moto e um pouco irritado com a brincadeira da garota entrou com passos broncos. Quando se aproximou do túmulo onde tinha visto ela sentada, ela não estava mais, olhou ao redor e não via ninguém. Viu sua jaqueta em cima com um recado:

“Obrigada pela jaqueta, me senti mais aquecida essa noite, aqui sempre é tão frio.
-Elizabeth”

E entalhado no epitáfio, estava uma foto da garota escrito Elizabeth Amaral 1903 – 1920.
O rapaz saiu do cemitério apavorado e nunca mais saiu para alguma boate, bar ou balada.

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