Crônica: A GRANDE FAMÍLIA

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Na virada do ano, no dia 31 de dezembro de 2017 para 1 de janeiro de 2018, estava na casa do meu melhor amigo, na casa da minha madrinha, mãe do meu melhor amigo, e o filho mais novo e a filha mais nova. Também estava o marido dela e o genro. Pessoas maravilhosas, divertidas, receptivas, que considero minha família, e falando em família, a minha estava completamente dispersa, minhas irmãs com seus respectivos namorados, minha mãe na casa das irmãs dela, minhas tias, e meu pai trabalhando, coitado, em plena virada do ano, mas nessa crise de 2017, vale mais ter um emprego, do que passar em festa apenas mais um feriado.

Faltando alguns minutos para ser 2018, me bateu uma nostalgia de quando eu era pequena e toda minha família paterna passava reunida. Tias, tios, primas e primos e agregados que não acabava mais. Me lembro uma vez, que tivemos que alugar um local porque nenhuma casa suportaria tantas pessoas. Eu estava com 10 anos e tivemos que fazer um amigo secreto separado para todas as crianças. Eu e minhas primas brincávamos de passa-passa, mãe rica e mãe pobre, às vezes esconde esconde, mas o que eu gostava mesmo era do karaokê, cantava musica antigas e eu dominava todas, não me importava o quão bregas eram, hits como “menina veneno”, “caça e caçador”, “Como uma deusa” eu não perdia uma.

O mundo já estava perigoso, mas nesse ano eu e minhas primas acordamos cedo e saímos pelas ruas para pedir bom princípio de ano novo, éramos tímidas e as pessoas já estavam desacostumando com essa tradição, mais ainda assim conseguimos alguns trocados. Eu era a mais tímida, porém a mais animada, nem andamos um quarteirão e elas já estavam cansadas querendo voltar, isso o tempo não mudou nelas.

Nessas horas é tão ruim saber que o tempo passa, nós éramos tão unidas, dormíamos uma na casa da outra com frequência, erámos um grupinho como aqueles que formamos no colégio só que de sangue, e hoje, nem sequer conversamos, o cumprimento já é muito. Já não temos assunto em comum e manter a conversa é um pouco difícil.

Natal e ano novo é cada um em sua casa, cada um já tem sua própria família. Metade é brigada com a outra, restou apenas alguma panelinhas. Eu não pertenço a nenhuma delas, apenas espero um convite de algum lado, ou até mesmo de quem nem pertence a essa grande família que um dia já foi uma só.


fotografia: disponível Google imagens

Lucy Batista

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