Conto: Zumbi [parte 2]

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[...] Continuação

Na sala de aula, Antônio está no fundo da sala olhando fixamente para a lousa em branco. Os garotos estão sentados na frente me roda e cochicham entre eles olhando para Antônio:
- Ele está parecendo um zumbi!
- Será que é o jogo que está o deixando assim?
- Se for, eu não quero jogar nunca!
O sinal soa e os alunos saem da sala, menos Antônio, a professora o olha:
- Antônio? - ele a olha - Você está bem? - ele assente com a cabeça sem dizer nada - Vou ligar para sua mãe... - Antes que ela terminasse ele sai sem dizer nada - Vir buscá-lo, bem, vou ligar de qualquer forma.
D. Anita chega preocupada e entra na sala da professora.
- Com licença! - ela sorri
- Pode entrar D. Anita, sente-se aqui - ela aponta para uma cadeira à sua frente.
- Alguma coisa errada com Antônio?
- Tudo, D. Anita, seu filho não está bem, ele não faz mais nenhuma tarefa, não conversa com os amigos, além de estar com uma aparência nada agradável, ele está doente?
- Bem, ele não come à alguns dias e só fica no quarto, mas não sei bem o que ele faz lá!
- A senhora terá que averiguar isso ou teremos que encaminhá-lo para o conselho tutelar.
D. Anita se assusta:
- Oh não! Não cheguemos a esse ponto, senhora, eu vou conversar com ele, hoje mesmo.
Anita chega em casa, vai direto ao quarto de seu filho, ela bate na porta e espera um pouco, não ouve resposta, então ela abre lentamente:
- Antônio? Está aí? - ele está parado na janela ainda com a mochila nas costas - Ei filho! Tira essa mochila das costas e vem almoçar, faz tempo que não come nada saudável - ela tira a mochila dele e ele nem se move - Você tomou banho hoje? - ela cheira o pescoço dele e faz cara feia, ele não responde - Bem, eu vou arrumar a mesa, você toma banho e vai comer depois - Ela bate no ombro dele e ele só olha.
D. Anita coloca a comida na mesa e os pratos, senta em uma cadeira e espera, passa meia hora e ela liga a TV que fica na sala e espera. Anoitece e Antônio ainda não saiu do quarto. Ela desanima, guarda a comida e os pratos e vai para seu quarto. Ela vira a cama durante a noite sem conseguir dormir pensando na situação do filho. 
Amanheceu, ela levanta e abre a cortina e se assusta com o que vê: um bando de urubu cercando a casa dela. -ela ignora desconfiada e vai chamar Antônio. Bate na porta sutilmente como sempre:
- Antônio? hora de ir para escola!
Ele sai no mesmo instante com a mochila nas costas e encara com olheiras profundas.
- Hoje você não sai de casa sem tomar o café da manhã!
Ele sem dizer nada, desvia dela e vai para a porta de saída, ela coloca-se ena frente e fala um pouco severa mas ainda insegura:
- Antes, o seu café da manhã! - ela aponta para a mesa.
Antônio bate com muita força na porta perto do rosto dela e balbucia umas palavras que ela não compreendeu. Assusta, ela o deixa passar e fica olhando ele se afastar indo em direção à escola.
Ela fecha a porta perplexa e senta no sofá com as mãos na boca pensando no que aconteceu, balançando para frente e para trás, assustadíssima levanta de repente e pega o telefone:
- Alô, Dr. Augusto? ... Queria marcar uma consulta ... É a Anita ... Não, não é para mim, é para meu filho ... O mais rápido possível, é urgente! - ela desliga o telefone e começa a arrumar a sua bolsa falando consigo - Não vou esperar mais nenhum momento, vou buscá-lo na escola agora.
Enquanto isso Antônio caminhava lentamente para a escola, e na rua as casas ao seu redor, havia urubus empoleirados o olhando fixamente, porém ele só encara o chão.
Na escola, por onde passava, todos faziam cara feia e tampava o nariz:
- Parece que o cheiro triplicou, dá pra sentir a quilômetros.
- E a aparência dele? Parece que morreu e esqueceu de enterrar!
- Não é atoa que tem tantos urubus ao redor da escola, deve ter vindo atrás dele.
Na sala de aula, como sempre Antônio foi para o fundo, dessa vez ele olhava fixamente para a lousa e babava. Nenhum aluno sentou ao redor dele. Quando o professor chegou, achou estranho:
- O que aconteceu aqui?
- Professor, ele está fedendo muito!
- E olha como ele baba, logo vai ter uma poça ao lado dele!
O professor olha Antônio curioso:
-Antônio? Está bem?
Nesse momento o inspetor bateu na porta e entrou:
- Com licença professor, a mãe do Antônio veio buscá-lo.
Todos olham para Antônio que não se moveu:
- Antônio - falou o professor - Você vai embora!
Ele continuou imóvel.
- Antônio!!! - O professor grita, todos se assustam menos Antônio, que levanta sem olhar para ninguém e com andar robótico sai da sala. O professora fecha a porta e todos se olham perplexos:
- gente, o que aconteceu com esse menino?
Os alunos começam a comentar o ocorrido e a classe ficou agitada.
De repente eles escutam um grito de horror vindo da rua, todo mundo inclusive o professor, correm para janela, e da janela eles veem uma cena horrível, os urubus estão atacando Antônio, arrancando cada pedaço enquanto seu sangue encharca a rua. Dona Anita está tremendo com as mão sobre os olhos, gritando "não".
As pessoas apenas assistiam, enquanto Antônio sumia na boca dos pássaros carniceiros.

Lucy Batista

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