Conto: ZOMBI (PARTE 1)

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Antônio chegou na escola com olheiras profundas, percebeu todos o olharem curiosos, colocou o capuz e passou cabisbaixo por todos. Na sala de aula, sentou na última carteira e abaixou a cabeça sobre os braços dobrados na mesa. Três garotos vieram cerca-lo:
-Ei cara! O que aconteceu?
Ele levanta a cabeça com os olhos perdidos e pensa um pouco:
-É... eu fiquei jogando Minecraft até ás 4.
Os garotos se olham surpresos:
-E desde quando você gosta de Minecraft?
-Ah! Comecei agora. – ele força um sorriso que sai bem amarelo.
-Ih! É bom escovar os dentes durante o dia, hein cara!
Ele não diz nada e abaixa a cabeça novamente.
É meio dia, Antônio está voltando para casa. O sol está a pino, e a claridade o incomoda muito. Ele anda devagar até sua casa.
Sua mãe já está pondo o almoço na mesa e ele passa direto para o quarto.
-Antônio! Não irá almoçar?
-Estou sem fome!
Dona Anita pensa com seus botões: “Esse garoto anda muito recluso. Não sai daquele quarto, mas não vou incomodá-lo, pobre garoto”. Ela é uma senhora muito amorosa e deixa seu filho fazer o que achar melhor.
Antônio está jogado na cama olhando para o teto, não arrumou seu material, trocou de roupa e na mesma posição ficou até anoitecer e logo amanheceu. Dona Anita bateu a porta:
-Antônio! Hora de ir para escola!
Ele pisca duas vezes, levanta e pega a mochila que estava ao lado da cama. O café da manhã está na mesa, mas ele passa reto. Dona Anita que o vê sair pela porta de entrada, grita:
-Não irá tomar o café da manhã, querido?
-Eu como algo na escola, mãe! – responde sem nem olhar para trás.
Chegando na escola, seus colegas o notam e vão ao encontro dele:
-Cara, tu passaste a noite jogando novamente?
-Está parecendo um zumbi! – diz outro
-Inclusive na cor, você está um pouco esverdeado – fala um terceiro garoto
-eu estou bem, vocês que estão vendo coisas!
Antônio vai novamente para a última carteira da fileira, todos os alunos estão o olhando curiosos. O professor chega na sala e percebe todos olhando para Antônio.
-O que está acontecendo?
-Professora, o Antônio não está com olheiras enormes? – fala uma garota
-E olha a cor dele, está verde! – diz outro garoto surpreso.
A professora vai até Antônio e coloca a mão na testa dele:
-Antônio, está bem? Está frio!
Antônio retira a mão dela bruscamente e fala alterado:
-Eu estou bem, só não dormi a noite, me deixem em paz!
A professora assustada volta para seu lugar e começa a aula. Os alunos olham para a lousa e esquecem um pouco Antônio.
No intervalo, Antônio fica no canto recluso, os alunos ficam o olhando curiosos, porém ele parecia olhar para o nada e não via ninguém ao seu redor.
Depois da escola, mais uma vez volta se esquivando do sol, sempre procurando uma sombra. Em casa, sua mãe não está, encontrou um bilhete sobre a mesa de madeira onde eles faziam as refeições. Dizia que fora ao mercado e o almoço estava no micro-ondas. Antônio jogou o bilhete na lixeira e foi para seu quarto, jogou sua mochila no chão e se jogou na cama de bruços, e ficou assim até sua mãe chegar e bater na porta sutilmente:
-Antônio? Está aí? – ela abre e espia – Por que não comeu a comida que deixei para você?
Ele não diz nada, pisca duas vezes e continua encarando a parede.
-Ok. Se sentir fome, sabe onde está a comida. – ela apaga a luz e fecha a porta.
Ele fica na mesma posição até o dia amanhecer, Dona Anita veio chama-lo novamente:
Ele volta a piscar, levanta e pega a mochila, sai do quarto e passa por Dona Anita que coloca três torradas na mão dele:
-Não vai para escola sem comer!
Ele força um sorriso amarelado e sai. Na rua, avista um bando de pombos e joga as torradas para eles. Na escola, os alunos o notam com olheiras bem profundas, a pele esverdeada, e um fedor que notava a metros e bem mais magro.
-Esse jogo definitivamente não está fazendo bem! – comenta um garoto
-Cara! Um banho de vez em quando é bom, aliás, todo dia! – outro garoto grita.
Antônio olha para eles e apenas sorri forçadamente.
-E pelo jeito escovar os dentes não faz da rotina dele comenta uma garota.


Continua...

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