Conto: EM TEMPO REAL

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Abro os olhos, está muito escuro, sento na cama e tateio a parede, então acho o interruptor e acendo a luz. Ai meus olhos!
Levanto com os olhos semicerrados tentando acostumar com a claridade da luz e vou para o banheiro. Abro o armarinho pego a escova de dente e o escovo. Como eu ainda queria estar na cama...
Na cozinha, procuro no armário algo para comer. Acho o pão sovado e sorrio, amo pão sovado.
Agora estou sentando olhando para a parede com a mente em outro lugar...
Estou na areia, areia úmida de frente para um mar azul que cintila a luz do sol parecendo purpurina. O sol esta me aquecendo e o som do mar agradável. Não há ninguém, parece que estou sozinha, mas sinto uma mão sobre meu ombro, eu olho para ver quem é.
-Está gostoso ficar aqui?
É um rapaz, alto, magro, com a pele bronzeada, tem o cabelo cortado baixo, com a barba crescendo, ele senta ao meu lado, eu o conheço  muito bem.
-Sim, que bom que estamos aqui, só nós dois, é muito paradisíaco. Eu apoio a cabeça no ombro dele e ele beija a minha fronte e passa o braço nas minhas costas.
Eu olho para ele nos olhos e ele sorri para mim, então eu os fecho e ele me beija. Um beijo doce e lento e começa a acelerar e então mudamos a posição, eu sento no colo dele de frente para ele, passo os meus braços pelo pescoço e continuamos o beijo.
De repente eu ouço um barulho na mata que está atrás de nós e paro de beijá-lo  e olho fixamente para ver o que fez o barulho, o meu parceiro também olha.
-O que foi?
-Você não ouviu um barulho?
-Sim, mas o que tem? – ele está olhando para mim
-Não estamos sozinhos, e se for um animal feroz?
-tipo uma onça?
E nesse momento aparece de supetão e rugindo uma criatura grande e peludo, parece o homem das cavernas. Eu paraliso. Meu parceiro levanta rapidamente e segura no meu braço e corre me faz correr junto. A criatura está atrás de nós. Estamos na mata.
-Foi daqui que ele veio, como voltamos para cá?
-Você prefere o mar? – ele fala correndo e não me olha.
-Não sei nadar...
Estou bem cansada, mas a criatura continua atrás de nós e ruge. Estamos correndo com toda velocidade. Eu tropeço em um galho e caio, o rapaz volta rapidamente antes que eu consiga entender o que aconteceu e me ajuda a levantar. Voltamos a correr.
Avistamos uma casinha. Não é uma boa ideia. Mas entre a criatura e a casa... Entramos e fechamos a porta apoiando tudo o que vemos por lá, ele arrasta um pequeno armário para porta e eu arrasto uma mesa. Estamos olhando para a porta atentos enquanto recuperamos o fôlego.
-Acho que ele não virá atrás de nós.
-Ele deve ter desistido.
Sentamos em um sofá empoeirado e ficamos atentos. Nenhum barulho, nenhum sinal da criatura. Suspiro aliviada e deito no ombro dele.
-Não baixe a guarda agora, ele pode voltar a qualquer momento.
-Mas estou cansada...
-Tudo bem, acho que ele não tem raciocínio para ver que estamos aqui – ele beija a minha testa.
Percebi que estamos com traje de banho, olho para ele desconfortável e ele me entende, vai até um armário e pega um vestido amarelo e joga para mim, e ele veste uma calça de moletom.
Ele deita no sofá e eu deito ao lado dele, ele passa o braço sobre mim e eu o abraço. Começou a chover, e troveja. Fechamos os olhos, ali no sofá mesmo, escuto o barulho da tempestade e ao mesmo tempo a respiração dele, que me acalma, adormeço.

Quando acordo, não acredito no que estou vendo... Estou com a boca babada sobre a mesa da cozinha de casa.

Lucy Batista

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