Era mais ou menos 19hs e estava uma noite fria. Fazia alguns
minutos que minha mãe tinha saído, então aproveitei que estava sozinha em casa,
e preparei um balde de pipoca e um filme para assistir, não me recordo o nome
do filme, mas era de suspense.
Estava deitada no sofá sob uma coberta, e já tinha dado o play no
filme quando o telefone tocou, eu fiquei brava, porque eu já estava confortável
no sofá, mas levante e fui até o telefone que estava ao lado da TV e atendi,
mas estava mudo, eu chamei duas vezes e ninguém respondeu, voltei bufando para
sofá. Apertei o play novamente.
Estava mais ou menos na metade do filme quando o telefone tocou
de novo, já levantei irada e atendi indelicada, mas novamente ninguém
respondia, no momento que comecei a xingar o sujeito, a TV que estava com o
filme em pause, ficou cinza e chiando. Eu coloquei o telefone no gancho e olhei
com curiosidade para ver o que tinha acontecido, mas a TV não funcionava mais,
nem com o DVD que eu coloquei nem o canal aberto. Desliguei a TV e levei o
balde de pipoca para a cozinha.
Enquanto eu bebia um copo de água pensando no que faria com a TV
quebrada, ouvi barulho vindo do meu quarto, que ficava no segundo andar, um
barulho parecido com batida e era frequente. Subi devagar e desconfiada, afinal,
eu estava sozinha, o que poderia estar causando aquele barulho?
Abri a porta devagar e me deparo com uma cena assustadora: Havia
uma pessoa com a roupa branca, mas suja de sangue batendo a cabeça
constantemente no guarda-roupa. Eu dei um grito e ela me olhou, mas não sei com
o que sendo que ela não tinha os olhos.
Desci correndo para sair de casa, não sabia para onde ia, mas
não ficaria lá com aquela... Pessoa? Meu coração estava quase saindo pela boca
quando cheguei à porta, e qual foi o meu desespero ao perceber ela trancada e
sem a chave. Olhei nervosa para o topo da escada e lá estava a criatura parada.
Lembrei-me da saída de serviço que ficava na cozinha. Corri para tentar sair o
mais rápido possível, e eu não sei como, algo segurou minha perna e fui com
tudo no chão. Olho para trás e vejo outra coisa, uma pessoa sem roupa rastejando
no chão, e ela estava com queimaduras de 3º grau por todo o corpo. Eu gritei
novamente, meu grito não me salvaria, mas o meu desespero era tanto que eu não
pensava em mais nada, consegui me levantar e saí finalmente de casa. Respiro
aliviada e percebo que não há mais nenhuma casa por perto, minha vizinhança
desapareceu e eu só vejo uma mata morta, muitas folhas secas no chão e as
árvores adormecidas.
Eu estava respirando muito forte, porque sentia o ar fugir de
mim, mas aí escuto passos atrás de mim, olho para trás lentamente e há um homem
com capuz e um facão na mão. Fiquei um tempo sem saber o que fazer até que ele
começa a correr na minha direção e o que restou era correr também. Entrei na
mata e não tinha a menor ideia de qual direção ir, eu nem sabia aonde eu ia
parar, eu só queria parar. Comecei a escutar os passos cada vez se aproximando
mais perto de mim, eu nem olhava para trás, eu só tentava ir para o mais longe,
entretanto, meu corpo estava perdendo as forças, eu não conseguia mais
respirar, e ele me alcançou.
Minha visão havia sumido, eu só senti as mãos segurando meu
braço, então vi meu fim.
Mas...
Alguém me chamava. Abri os olhos lentamente e me vi na sala de
casa. Minha mãe me olhava com preocupação. Estava tudo normal. Ela me contou
que chegou em casa e me viu no canto da sala tremendo e olhando fixamente para
o nada.
Agora estou em uma sala totalmente branca, escrevendo isso em
uma folha branca e vou ficar aqui, tomando remédios para aquilo não acontecer
novamente. Ainda tenho medo de voltar para casa.
Lucy Batista
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