Uma mulher esguia, pele bronzeada e cabelos louros amarrados em um coque bagunçado, estava apoiada na grade da sacada do apartamento do 14º andar.
Ela via do outro lado do muro que separava seu condomínio de luxo de uma comunidade de classe baixa, várias crianças correndo e brincando em frente à um bar com alguns homens bebendo cerveja e tocando samba enquanto umas mulheres dançavam, todos sorrindo.
Estava admirando aquena cena quando uma criança veio interromper seus devaneios; era seu filho.
-Mamãe, o que está fazendo? - ele trazia nas mãos um controle de vídeo-game.
-Nada, só olhando algumas pessoas. Volte a brincar! - ela fala sem olhá-lo.
-Vem jogar comigo! É chato jogar sozinho!
-Desculpe Felipe, não tenho mais idade para isso!
O garoto encosta ao lado da mãe e olha a mesma cena que ela estava vendo.
-O que está fazendo?
-Já que não pode jogar comigo, vou olhar as pessoas contigo! - os dois ficam alguns minutos olhando aquelas pessoas se divertindo - O que estão fazendo?
-Vadiando! É melhor você estudar ou acabará como eles.
-Não acho ruim, eles parecem tão felizes...
-Mas no mundo em que vivemos isso não é o mais importante, e sim o seu status.
-Do que adianta status se não somos felizes?
-Você não é feliz? Você tem tudo o que quer?
-Mas estou sempre sozinho, e não é divetido...
A mãe não responde; o garoto vai para a mesa onde há alguns cadernos, senta e pega um lápis, porem em vez de escrever, ele encara o caderno com olhar triste.
A mulher percendo a tristeza do filho, olha novamente para as crianças brincando do outro lado, e depois vai até ele lhe estendendo a mão:
-Vamos!
O garoto a encara surpreso:
-Aonde?
-Ser feliz!
E os dois saem daquele condomínio e juntam-se as pessoas da comunidade.
Lucy Batista
Lucy Batista
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